Pré-conferências dão sustentação à conferência municipal

Em maio, a Vira e Mexe assessorou a realização da Conferência Municipal de Assistência Social de Valparaíso, município do interior de São Paulo, na região de Araçatuba. Abigail Torres, sócia diretora, fez a fala de abertura da conferência e apoiou o trabalho dos grupos. “A experiência de Valparaíso merece destaque especialmente por ter favorecido uma maior participação ativa de usuários e usuárias nos espaços de controle social”, ressaltou. Os usuários somavam cerca de 30% do total de participantes da conferência de Valparaíso. Silvia Renata, secretária executiva do Conselho Municipal da Assistência Social, conta que foram realizadas quatro pré-conferências no município, das quais uma foi exclusivamente com usuários e usuárias dos serviços. Nestes encontros preparatórios, as pessoas participantes avaliaram o SUAS na cidade e levantaram propostas dos usuários para fazer avançar a proteção. Já na abertura da conferência, os diálogos foram iniciados com vídeos-depoimentos de usuárias e usuários sobre os impactos em suas vidas ao serem incluídos em serviços e benefícios socioassistenciais. Estes depoimentos haviam sido coletados previamente por diferentes agentes e conselheiros/as do SUAS do município. Num plenário com vários adolescentes, mulheres e idosos, a conferência municipal de Valparaíso teve espaços para trabalhos em grupos facilitados pelas equipes que estimularam ... Continuar Lendo

O SUAS no combate ao racismo

A visibilidade do sofrimento ético-político das cidadãs/dos cidadãos e a construção coletiva de padrões de justiça social passa, necessariamente, pelo enfrentamento do racismo institucional no SUAS por meio da sensibilização, tomada de consciência, debate e mudanças de práticas. É fundamental iniciar um profundo e duradouro processo de reparação histórica à população negra brasileira, que passa pelas lutas contra os pilares que sustentam nosso racismo estrutural: econômico, político e de produção de subjetividades.  Diante dos efeitos devastadores da pandemia para a população negra, é urgente inserir a pauta antirracista nas intervenções do SUAS, fortalecendo estratégias como: Se é verdade que “todo sofrimento pode ser suportado se conseguirmos convertê-lo numa história ou se contarmos uma história sobre eles” (Chimamanda Adichie), então podemos nos comprometer hoje com a construção de histórias que convertam abandono e violência em proteção e convertam invisibilidade em reconhecimento. A luta será longa, mas certamente em boa companhia porque há muitas de nós, brancas e negras, trabalhadoras, e usuárias na luta contra o racismo. Abigail Torres e Stela Ferreira, sócias diretoras da Vira e Mexe ... Continuar Lendo
Formação com trabalhadores da Assistência Social de Franca (SP)

Encantamentos, produção de sentidos e de modos de fazer

Nos dias 7, 8 e 9 de novembro, a Vira e Mexe realizou oficinas com as equipes do Centro POP, dos serviços de acolhimento noturno, abrigo e casa de passagem e todos os serviços voltados à pessoa em situação de rua no município de Franca/SP. Ao todo, participaram cerca de 80 trabalhadores, entre cuidadores, educadores sociais, psicólogas e assistentes sociais. As oficinas foram coordenadas por Lucas Carvalho e Ricardo de Paes Carvalho, profissionais com longa trajetória no trabalho social com pessoas em situação de rua.  “Na grinfa de memórias e experiências, ruminamos muitos trabalhos já feitos. Querendo ou não, o gosto, carinho, respeito e admiração por essa população dita como vulnerável, só cresce dentro de nós. [Foi] uma oportunidade de desenvolver ainda mais o que já fizemos em nossa longa caminhada.” Aceitando um convite alegre e generoso de partilha, as pessoas “celebraram a alegria e a paixão pelo que fazem, o respeito que tinham pelas pessoas que fazem uso dos Serviços em que trabalham, o reconhecimento e valorização de que atuar no SUAS é um catalisador de crescimento pessoal e profissional”, nos conta Lucas Carvalho. Para viabilizar a participação de todos, cuidamos para que educadores e cuidadores, cujas jornadas de ... Continuar Lendo

Diálogos sobre o SUAS com servidores públicos de Jundiaí

Sempre recebemos com alegria e entusiasmo o convite dos municípios para disseminar ideias e conteúdos sobre o trabalho social no SUAS para um público mais amplo. Em setembro, Jundiaí (SP) nos deu a oportunidade de participar das atividades do 1º Mês do SUAS, uma iniciativa da gestão municipal que promoveu seis encontros semanais trazendo contribuições de diferentes especialistas da área. Esses encontros, no formato de seminários e oficinas participativas, tiveram como objetivo fortalecer os servidores públicos do SUAS para aprimorar seus conhecimentos e práticas no cotidiano dos serviços socioassistenciais. Em nossa participação no seminário sobre “Lógica sistêmica do SUAS”, disseminamos ideias importantes contidas no projeto institucional do SUAS a partir da Política Nacional de 2004. E pudemos dialogar sobre os principais impactos que a organização desta política pública como sistema único trouxe para o trabalho social. Entre esses impactos destacar que na organização por sistema operamos com a lógica do “e” e não do “ou”. Na lógica de sistema quando cada um define “o que é seu”, por consequência, está definindo o trabalho do outro, ou seja, se eu digo – “O CRAS faz até aqui e daqui pra frente é o CREAS que assume”, automaticamente está dito pelo CRAS ... Continuar Lendo

A construção de diálogo entre equipes da básica e da especial em Guararema (SP)

“Um dos maiores desafios era a construção de um trabalho articulado entre as equipes da proteção básica e da proteção especial, como nos foi relatado pelas equipes logo no início” conta Stela Ferreira, sócia diretora da Vira e Mexe sobre o trabalho de apoio técnico e supervisão às equipes do SUAS do município de Guararema (SP) com foco no fortalecimento do trabalho social com famílias. Foi um processo de 10 meses com oficinas presenciais e virtuais, coordenadas por Stela Ferreira e She Nilson, envolvendo cerca de 30 trabalhadores e trabalhadoras. A coordenadora do CREAS de Guararema, Joseane, lembra como havia falta de alinhamento entre as equipes antes e as mudanças que ocorreram a partir da formação com a Vira e Mexe. “Para falar para outras políticas a gente precisaria também se entender. A maior diferença que eu percebi no cotidiano foi essa necessidade de comunicação internamente. E quando a gente muda isso e consegue enxergar, a gente começa a buscar diálogo e isso nos fortalece para a gente conseguir falar para fora; acho que isso foi a maior diferença que a gente teve no trabalho” conta. Stela ressalta que um dos resultados positivos foi o envolvimento de diferentes pessoas das ... Continuar Lendo

A “caixa-preta” do Auxílio Brasil

Hernany Castro[1] Algoritmos são classificadores construídos por operadores de decisões políticas para gerar determinado resultado. São sequências de códigos, instruções e operações, elaboradas em linguagem informática, voltadas para a programação de cálculos, equações e problemas matemáticos específicos, no presente caso, desenvolvidas a partir de critérios previstos em normas do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (Cadastro Único) e do programa Auxílio Brasil. No entanto, as regras legais dos programas sociais não migram direta e automaticamente da “letra fria” da norma para dentro do “sistema”. Essas regras, aliás, não são propostas pelo legislador para esse tipo específico de aplicação. Portanto, há necessidade de uma interpretação para viabilizar a aplicação do algoritmo. Desse modo, o operador realiza a “tradução” dos critérios previstos na norma para dentro do “sistema”, convertendo-os em linguagem que permitirá ao computador e respectivos softwares a leitura e a aplicação do comando. Minha hipótese é que parte considerável dos problemas da chamada “fila” do Cadastro Único e do Auxílio Brasil estão relacionados aos algoritmos, para os quais não se traduz tão somente as regras do programa social, mas também um conjunto unívoco de escolhas pessoais que envolvem disposições, bens e práticas simbólicas, valores, crenças e preconceitos de ... Continuar Lendo

Avaliação de resultados dos serviços do SUAS

Stela Ferreira Nossa reflexão sobre a importância de avaliação de resultados da assistência social está ancorada no nosso trabalho de apoio e supervisão das equipes do SUAS. Temos notado que a insuficiente compreensão das aquisições e dos resultados esperados do trabalho social no SUAS tem várias consequências. A primeira dessas consequências é apresentada para nós pelas equipes como falta de sentido para o trabalho cotidiano. Isso gera desmotivação e insatisfação pela percepção de que o trabalho social pouco contribui para mudanças significativas na vida dos cidadãos. Outra forma como essa insuficiente compreensão sobre os resultados dos serviços do SUAS se manifesta é na expectativa de que “tudo se resolva pela intersetorialidade”. É frequente a ideia de que para os serviços socioassistenciais alcançarem seus resultados, todas as demais políticas públicas precisariam funcionar plenamente. Pelo princípio da incompletude de todas as políticas sociais essa ideia é adequada, visto que na vida das pessoas as demandas de proteção social estão marcadas por suas trajetórias coletivas com muitas barreiras de acesso. Porém, a saúde e a educação, por exemplo, têm resultados próprios a alcançar e que não dependem do funcionamento da assistência social para serem alcançados. O mesmo se dá com a assistência social: ... Continuar Lendo

Benefício eventual é direito

Estamos apoiando as equipes dos municípios para a regulamentação e operacionalização dos benefícios eventuais do SUAS. Ao lado de nossa colaboradora Ana Ligia Gomes, especialista neste assunto e com ampla experiência na gestão de benefícios, realizamos a supervisão técnica nos municípios como Bady Bassitt, Andradina e, mais recentemente Salto, todos no interior paulista. Ao escutar as equipes e conselheiros tem sido frequente a seguinte pergunta: como criar critérios para a concessão do benefício eventual para que ele possa ser acessado, de fato, como direito da Assistência Social?   Para construir as respostas possíveis junto com as equipes entendemos que é necessário ter como ponto de partida duas ideias fundamentais: direitos só são assegurados quanto há critérios claros e compreensíveis ao cidadão e, por isso, podem ser reclamados quando são negados; sem essa condição, a entrega de qualquer bem ou recurso pode ser entendida como favor ou privilégio. o acesso a um direito sempre supõe um sujeito coletivo, ou seja, embora ele possa ser requisitado por um indivíduo, ele sempre vai corresponder a um conjunto de cidadãos que vivenciam uma dimensão da desigualdade social visto que já está reconhecida em lei. Portanto, a pergunta que precisa ser feita é: quais critérios ... Continuar Lendo
Intersetorialidade e corresponsabilização

Intersetorialidade e corresponsabilidade na gestão pública

Todas as políticas sociais têm que prover atenções ao cidadão. Ocorre que face à desigualdade social instalada entre os brasileiros, esta provisão deve ocorrer a partir das condições concretas diferenciadas e desiguais dos cidadãos e não do que seria suposto como adequado a que ele devesse dispor. Cobrar das políticas sociais a atenção a todos os cidadãos significa que cada uma delas inclua as condições reais de vida dos brasileiros independente da precariedade em que estejam vivendo. (SPOSATI, 2013:34 Para responder à complexidade da desigualdade social brasileira, sobretudo neste pós pandemia, “cada um fazer sua parte” não é suficiente ante à desigualdade estrutural que se agravou no tempo em que vivemos. A ação articulada entre diferentes políticas sociais é muito desafiadora. Enfrentar esse desafio  é urgente e necessário porque se, de um lado, cada política social deve alcançar o máximo o seu potencial, de outro, do ponto de vista da complexidade das situações vividas pelas pessoas, não será suficiente. Todas as políticas sociais são, desse ponto de vista, incompletas e dependem umas das outras. O reconhecimento da necessidade do fortalecimento de ações intersetoriais mais efetivas e capazes de assegurar proteção social aos adolescentes e jovens, geralmente, se apresenta como saída ... Continuar Lendo

Planejamento do SUAS em Vitória (ES)

Em um encontro de dois dias com a participação de cerca de 40 trabalhadoras/es das diferentes gerências que compõem a estrutura da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) de Vitória (ES), a Vira e Mexe apoiou a elaboração do planejamento da Semas para a implementação do SUAS no ano de 2022. Com os objetivos de construir alinhamento de diretrizes estratégicas da Semas, priorizar ações e reconhecer as responsabilidades compartilhadas pelas áreas, a oficina realizada em fevereiro foi uma continuidade das ações de diagnóstico socioterritorial e avaliação elaborados pela equipe no ano passado. Assim, o desenho do encontro foi construído a partir dos relatórios do diagnóstico e avaliação, dos dados do Censo SUAS de Vitória, das deliberações da 12ª Conferência Municipal de Assistência Social, além da relação da rede de serviços. Um diferencial desse processo foi o estudo coletivo da Concepção de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do SUAS e a criação de estratégias de escuta para ouvir das pessoas que usam os serviços da Assistência Social, quais foram os impactos da pandemia nos seus vínculos e nas suas redes de apoio tanto afetivo e familiar, como também nos serviços públicos. Continuidade De acordo com Abigail Torres, sócia diretora da Vira ... Continuar Lendo