Por Eliane Silva e Yheda Gaioli, colaboradoras da Vira e Mexe
Como posso garantir um planejamento participativo e em diálogo com as necessidades do território em que atuo? Essa foi uma das perguntas mobilizadoras do trabalho que a Vira e Mexe realizou em Maringá/PR.
Partindo da percepção de que a prática do planejamento ainda precisa ser melhor incorporada no cotidiano dos serviços do SUAS, a Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS) do município de Maringá (PR), em parceria com o Instituto AOCP, convidou a Vira e Mexe para a realização de duas oficinas com seus profissionais.
Os encontros aconteceram entre setembro e outubro de 2024 com os seguintes objetivos: sensibilizar os profissionais sobre a importância do planejamento participativo, monitoramento e avaliação das ações e; promover a reflexão e proposição coletiva de práticas que ajudem a fortalecer o planejamento no cotidiano dos serviços.
As oficinas aconteceram em perspectiva complementar. Inicialmente, os participantes foram chamados a pensar os desafios postos ao planejamento participativo em seus serviços. Esses elementos foram sistematizados pela Vira e Mexe e serviram de ponto de partida para a discussão do segundo encontro orientado pela seguinte questão: como posso garantir um planejamento participativo e em diálogo com as necessidades do território em que atuo?
Para facilitar o processo de reflexão e construção de respostas das equipes, essa questão foi desdobrada em três questões auxiliares:
a) Por que garantir participação de diferentes serviços no planejamento?
b) Como acessar as informações necessárias para fundamentar o planejamento dos serviços?
c) Como garantir a participação de usuários no planejamento cotidiano dos serviços?
Ao refletir sobre essas questões num ambiente seguro e mediado pelas facilitadoras da Yheda e Eliane os participantes evidenciaram aspectos que devem ser considerados para que o planejamento participativo ocorra de forma efetiva, afinal, planejar é sempre a assunção de algum compromisso com mudanças na realidade.
Nesse sentido, os desafios foram entendidos como aquilo que impulsiona a ação e não como algo que gera paralisia. A partir do diagnóstico dos desafios é possível chegar em propostas mais concretas de enfrentamento com a contribuição de todos os participantes e seus diferentes olhares e perspectivas. O exercício de escuta mútua e de produção conjunta de respostas aos desafios colocados mostrou-se potente, mesmo em um curto espaço de tempo.
Avaliando as marcas dos encontros, os profissionais disseram que saíram ressoando ideias “[…]sobre como pensar os momentos de planejamento de forma clara e organizada; além do interesse ainda maior em me aperfeiçoar nesse tipo de atividade/ação” e dispostos a “[…]compartilhar e pensar com a equipe formas de melhorar e ajustar o planejamento, a organização do trabalho e a relação com usuário.”
O engajamento dos participantes nos encontros e na produção coletiva mostrou a diversidade de repertórios presentes nas equipes para planejar de forma mais participativa, assim como a importância dos dados da vigilância socioassistencial, o conhecimento do território, o plano municipal de assistência, entre outros. A composição desses recursos técnicos e normativos, quando analisados, podem balizar o desenvolvimento das ações e gerar mudanças.
Esperamos que a vivência das duas oficinas possam contribuir para mobilizar as práticas de planejamento, monitoramento e avaliação nos serviços socioassistenciais de Maringá.