Como assegurar convívio protetivo a crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional? Essa foi a pergunta que mobilizou os encontros de apoio às equipes das casa-lares, realizado pela organização social IJEPAM, em parceria com as prefeituras de Ituverava e Miguelópolis, no interior de São Paulo.
A música de Marcelo D2 inspirou um caminho de reflexões e descobertas. Assim como o arco e a flecha, quanto mais esticarmos o arco para trás, mais longe irá a flecha. Com essa inspiração, olhamos para as práticas passadas do acolhimento institucional que, ao refletir seu viés moralista, reproduz violências contra crianças, adolescentes e suas famílias.
Para superar essas práticas, é necessário que todas as pessoas da equipe conheçam a legislação, reflitam sobre o trabalho, estudem e, especialmente, escutem as crianças e adolescentes para poder impulsionar a flecha em direção a um futuro mais sensível e mais participativo. A segurança para fazer o trabalho nesse serviço tão complexo vem da construção de vínculos de confiança e respeito no dia a dia.
Ao longo desses cinco meses, contribuímos para fortalecer essa confiança tão necessária entre as equipes e as crianças, adolescentes e suas famílias. Com um planejamento coletivo e um tanto de coragem e disponibilidade das equipes, o que era no começo uma teoria, tornou-se uma experiência avaliada pelas próprias trabalhadoras:
“Conseguimos colocar em prática ações que refletiram a importância de aumentar a participação dos acolhidos, de suas famílias e da sociedade.”
“As oficinas foram essenciais para uma melhor compreensão do acolhimento numa perspectiva inovadora, promovendo a participação de todos os usuários e melhorando o trabalho em equipe”.
Acreditamos que transformar as práticas de trabalho no acolhimento institucional tem a ver com tecer relações que sustentam vínculos de confiança, não apenas para torná-lo seguro, mas também vivo, humano e, acima de tudo, participativo. Agradecemos a oportunidade de viver essa experiência ao lado das equipes de Ituverava e Miguelópolis.
Yheda Gaioli