Equipes constroem caminhos para melhorar o planejamento e acompanhamento individual

“Se esse encontro fosse uma comida seria um baião de dois porque de uma combinação simples que é o arroz com feijão, pode-se acrescentar outros ingredientes. Assim como fizemos hoje, fomos adicionando saberes.” Foi assim que uma das participantes avaliou a atividade da Vira e Mexe que aconteceu no final de janeiro em Jundiaí (SP). Foram dois encontros, totalizando 16 horas de formação com cerca de 150 pessoas, dentre gestoras da Assistência Social e dirigentes e equipes das Organizações da Sociedade Civil (OSC) que executam os serviços de acolhimento institucional do SUAS.  A atividade teve como objetivo a qualificação da atenção nos serviços de acolhimento institucional realizados em parceria com as organizações da sociedade civil (OSC) e o foco do trabalho foi o Plano Individual de Atendimento (PIA) para os serviços de alta complexidade. A metáfora utilizada pela participante para avaliar a formação faz todo o sentido: o básico bem feito pode ser extraordinário. “Buscamos oferecer subsídios para que os/as trabalhadores/as pudessem entender o Plano Individual de Atendimento (PIA) não apenas como um documento. Mas, como um conjunto de ações a serem realizadas pelos serviços para assegurar a proteção das/os usuárias/os” explica a assistente social Yheda Gaiolli, uma das facilitadoras ... Continuar Lendo

Planejamento coletivo é fomentado na supervisão em Suzano

Nos meses de abril a dezembro de 2022, a Vira e Mexe esteve em Suzano/SP acompanhando as equipes e gestores da proteção social básica e de média complexidade que atuam nos CRAS e CREAS. Foram seis encontros e um seminário de encerramento que contaram com a presença de cerca de 120 trabalhadores de nível superior, médio e fundamental de escolaridade. O grupo reuniu educadores sociais, psicólogas, assistentes sociais, profissionais das áreas administrativas, da limpeza e da cozinha, ou seja, trabalhadores que contribuem diariamente para atividades realizadas nas unidades. As oficinas participativas partiram da identificação de potências e desafios que as equipes enfrentam no dia a dia dos serviços do SUAS. Questões mobilizadoras orientaram o percurso dos encontros presenciais e virtuais, sempre relacionando esses desafios aos princípios, às diretrizes e concepções de proteção social pública de Assistência Social. “Os processos participativos nos encontros desconstruíram a ideia de que as ‘coisas’ devem vir prontas”. Avaliação de uma participante do CREAS Stela Ferreira, sócia diretora da Vira e Mexe, ressalta que, de acordo com a Política Nacional de Educação Permanente do SUAS, os processos de educação permanente são planejados para responder problemas concretos e historicamente situados e visam mudanças nas práticas profissionais numa ... Continuar Lendo

Equipes debatem os impactos da pandemia além da fome e da pobreza

Nos meses de setembro e outubro, a Vira e Mexe realizou um trabalho junto à Secretaria de Assistência Social de Ipatinga (MG), no escopo da parceria da Secretaria com a Fundação Renova. Os encontros conduzidos por Abigail Torres, sócia diretora da Vira e Mexe, e Roberta Rangel, assistente social e facilitadora, tiveram como foco central estimular as equipes a reconhecerem os impactos da pandemia para além do agravamento da fome e da pobreza material.  “É preciso reconhecer outras ‘fomes’, decorrentes da perda de vínculos, da vivência de isolamento e abandono, do aumento da violência racial e de gênero, para que possamos enfrentá-las no trabalho social dos serviços do SUAS”, explica Abigail.  Participaram dos encontros cerca de 80 profissionais que atuam nos CRAS, CREAS, Centro POP e Serviço de Acolhimento. A partir da proposta de trabalho da Vira e Mexe, as equipes experimentaram mudar o foco do diálogo nos grupos e se permitiram reconhecer outras vivências de sofrimento, assim como de resistência.  Ao propor o deslocamento da centralidade dos serviços no combate à fome e dirigir as atenções da equipe para as desproteções do campo relacional, as participantes destacaram em suas avaliações: Os conceitos de desproteções me trouxeram reflexões e um ... Continuar Lendo
Formação com trabalhadores da Assistência Social de Franca (SP)

Encantamentos, produção de sentidos e de modos de fazer

Nos dias 7, 8 e 9 de novembro, a Vira e Mexe realizou oficinas com as equipes do Centro POP, dos serviços de acolhimento noturno, abrigo e casa de passagem e todos os serviços voltados à pessoa em situação de rua no município de Franca/SP. Ao todo, participaram cerca de 80 trabalhadores, entre cuidadores, educadores sociais, psicólogas e assistentes sociais. As oficinas foram coordenadas por Lucas Carvalho e Ricardo de Paes Carvalho, profissionais com longa trajetória no trabalho social com pessoas em situação de rua.  “Na grinfa de memórias e experiências, ruminamos muitos trabalhos já feitos. Querendo ou não, o gosto, carinho, respeito e admiração por essa população dita como vulnerável, só cresce dentro de nós. [Foi] uma oportunidade de desenvolver ainda mais o que já fizemos em nossa longa caminhada.” Aceitando um convite alegre e generoso de partilha, as pessoas “celebraram a alegria e a paixão pelo que fazem, o respeito que tinham pelas pessoas que fazem uso dos Serviços em que trabalham, o reconhecimento e valorização de que atuar no SUAS é um catalisador de crescimento pessoal e profissional”, nos conta Lucas Carvalho. Para viabilizar a participação de todos, cuidamos para que educadores e cuidadores, cujas jornadas de ... Continuar Lendo

Diálogos sobre o SUAS com servidores públicos de Jundiaí

Sempre recebemos com alegria e entusiasmo o convite dos municípios para disseminar ideias e conteúdos sobre o trabalho social no SUAS para um público mais amplo. Em setembro, Jundiaí (SP) nos deu a oportunidade de participar das atividades do 1º Mês do SUAS, uma iniciativa da gestão municipal que promoveu seis encontros semanais trazendo contribuições de diferentes especialistas da área. Esses encontros, no formato de seminários e oficinas participativas, tiveram como objetivo fortalecer os servidores públicos do SUAS para aprimorar seus conhecimentos e práticas no cotidiano dos serviços socioassistenciais. Em nossa participação no seminário sobre “Lógica sistêmica do SUAS”, disseminamos ideias importantes contidas no projeto institucional do SUAS a partir da Política Nacional de 2004. E pudemos dialogar sobre os principais impactos que a organização desta política pública como sistema único trouxe para o trabalho social. Entre esses impactos destacar que na organização por sistema operamos com a lógica do “e” e não do “ou”. Na lógica de sistema quando cada um define “o que é seu”, por consequência, está definindo o trabalho do outro, ou seja, se eu digo – “O CRAS faz até aqui e daqui pra frente é o CREAS que assume”, automaticamente está dito pelo CRAS ... Continuar Lendo

Orgulho de ser servidora

Em cada canto da cidade e em cada secretaria encontramos servidores que têm suas vidas entrelaçadas à sua unidade de trabalho. São trabalhadores/as, em sua maioria, com longa carreira de prestação de serviço ao público. Os serviços públicos e os/as servidores/as têm sido constantemente atacados, em muitas unidades estatais, e têm enfrentado inúmeras dificuldades para realizar o atendimento da população. Servidores/as públicos/as, questionam, exigem, fundamentam a necessidade de investimento nas políticas públicas, apresentam dados reais da inadequação da gestão pública que prejudica, minimiza e limita o atendimento à população. Inúmeros servidores/as adoecidos/as nos procuram no Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep) porque querem trabalhar, atender com qualidade a população, mas não conseguem, tanto pela falta de condições estruturais, físicas, materiais quanto pela falta de recursos humanos que dê conta das demandas que a população apresenta. O adoecimento dos/as servidores/as cresce vertiginosamente, uma vez que esses são regidos por um estatuto do funcionário público e seus respectivos códigos de ética e a administração pública busca formas de cercear e lhe incutir responsabilidades ou incumbências que lhes são afrontosas eticamente ou ferem seus deveres enquanto servidores/as. O profissional formado em Serviço Social pode e atua nos mais diferentes espaços sócio-ocupacionais e ... Continuar Lendo

Supervisão com equipes da proteção básica em São Paulo

Numa iniciativa inédita na cidade de São Paulo, gerentes dos serviços da proteção social básica tiveram oportunidade de contratar a supervisão para equipes os Serviços de Assistência Social às Famílias (SASF), o que antes só era possível para as equipes da proteção especial A supervisão foi desenvolvida com 45 trabalhadores da equipe de referência de três SASFs da região de Cidade Ademar no sul da capital paulista. Teve como ponto de partida as rodas de conversa nos locais de atuação destas equipes para facilitar a aproximação da Vira e Mexe desse cotidiano e favorecer a explicitação dos desafios cotidianos que mobilizam as equipes de SASF.  “Foi a partir dessas rodas de conversa que traçamos a rota e firmamos nossos propósitos. As rodas nos permitiram reconhecer os impactos da pandemia nas relações cotidianas nos territórios e como elas estavam sendo notadas pelas equipes e favoreceram o diálogo sobre o quanto a pandemia alterou e reduziu a capacidade de proteção das famílias” explica Abigail Torres, sócia diretora da Vira e Mexe sobre o ponto de partida da formação que aconteceu de março a julho de 2022. Para a Vira e Mexe foi muito motivador ter na mesma roda a presença de cozinheiras, auxiliares ... Continuar Lendo

Como as equipes do SUAS podem atuar na prevenção do suicídio e no cuidado de pessoas enlutadas

Em setembro, o tema de prevenção de suicídio ganha destaque nas mídias devido à mobilização de diversas instituições públicas, privadas e da sociedade civil engajadas nas campanhas do setembro amarelo, iniciativa da Associação Brasileira de Psiquiatria, criada em 2013, com o apoio do Conselho Federal de Medicina. Conheça mais sobre a campanha Setembro Amarelo aqui. Embora tenha sido lançada pelo campo da saúde, a campanha Setembro Amarelo vem, a cada ano, mobilizando cada vez mais instituições de outros campos. A questão do suicídio e do luto de amigos e familiares de pessoas que se suicidaram também aparecem nos serviços do SUAS e, muitas vezes, os trabalhadores não sabem muito bem como lidar com ela. Entrevistamos André e Lucas, dois educadores sociais que possuem longa trajetória de atuação em serviços de acolhimento de crianças e adolescentes, abordagem de crianças e adolescentes em situação de rua e também fazem supervisão de equipes do SUAS. André é formado em Pedagogia pela Universidade de São Paulo e trabalha com crianças e adolescentes desde 2011. Trabalhou com crianças e adolescentes em situação de rua; atuou no Projeto Quixote, centro integrado que conta com serviço de fortalecimento de vínculos e Capes voltado para o atendimento à ... Continuar Lendo

O que os serviços do SUAS têm a ver com o fenômeno do suicídio

Embora seja uma temática difícil e implique lidar com intenso sofrimento, o suicídio é um fenômeno que precisa ser abordado e compreendido pelas equipes dos serviços do SUAS. É importante que as equipes estejam mais seguras e preparadas para que possam compor, junto com as políticas de saúde e educação, a rede de proteção e apoio tanto às pessoas com comportamento suicida, quanto as famílias enlutadas. Suicídio na perspectiva da saúde A partir de 1990, o suicídio foi considerado um problema a ser enfrentado pela saúde pública. Esse reconhecimento faz com que um fenômeno aparentemente individual e privado seja tratado como pauta de atenção em ações estratégicas no SUS. A imensa maioria das pessoas que tenta ou comete suicídio é acometida por algum transtorno mental, sendo o mais comum a depressão. Do ponto de vista da política pública de saúde, o suicídio tem sido analisado como fenômeno coletivo com base nas análises da Vigilância em Saúde, trazendo informações para subsidiar políticas para diagnóstico, atenção, tratamento e prevenção. De acordo o Boletim Epidemiológico de 2021, do Ministério da Saúde, a taxa de risco de suicídio entre homens é cerca de 4 vezes maior do que entre mulheres. E no período entre ... Continuar Lendo

A construção de diálogo entre equipes da básica e da especial em Guararema (SP)

“Um dos maiores desafios era a construção de um trabalho articulado entre as equipes da proteção básica e da proteção especial, como nos foi relatado pelas equipes logo no início” conta Stela Ferreira, sócia diretora da Vira e Mexe sobre o trabalho de apoio técnico e supervisão às equipes do SUAS do município de Guararema (SP) com foco no fortalecimento do trabalho social com famílias. Foi um processo de 10 meses com oficinas presenciais e virtuais, coordenadas por Stela Ferreira e She Nilson, envolvendo cerca de 30 trabalhadores e trabalhadoras. A coordenadora do CREAS de Guararema, Joseane, lembra como havia falta de alinhamento entre as equipes antes e as mudanças que ocorreram a partir da formação com a Vira e Mexe. “Para falar para outras políticas a gente precisaria também se entender. A maior diferença que eu percebi no cotidiano foi essa necessidade de comunicação internamente. E quando a gente muda isso e consegue enxergar, a gente começa a buscar diálogo e isso nos fortalece para a gente conseguir falar para fora; acho que isso foi a maior diferença que a gente teve no trabalho” conta. Stela ressalta que um dos resultados positivos foi o envolvimento de diferentes pessoas das ... Continuar Lendo