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Planejar é preciso

Para que serve o planejamento e como se faz um bom planejamento para o setor público? “Sem planejamento a gente fica só apagando incêndios. Se você trabalhar só com urgências e emergências, a questão de tocar o dia a dia vai consumindo e não se consegue desenvolver novos projetos e novas ações. Não consegue fazer inovação” afirma Solange Ferrarezi*, pedagoga e psicopedagoga, especialista em planejamento estratégico, moderação e facilitação de processos grupais, com mais de 30 anos de experiência em instituições públicas e privadas. 

Solange trabalhou nas prefeituras de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema, além de atuar junto a um consórcio que reunia os municípios da região do ABCD. Também atuou na Caixa Econômica Federal, junto ao Unicef e em conferências de políticas públicas. Ela é consultora da Vira e Mexe e está nos apoiando no planejamento estratégico para os próximos anos. 

“Não se muda uma situação trabalhando sempre do mesmo jeito. Se a gente quer mudanças e faz igual, não vai conseguir mudar nada” explica Solange. Portanto, planejamento é essencial para produzir mudanças positivas nas realidades em que as políticas públicas atuam. 

No entanto, ao longo de sua trajetória, Solange já viu muita instituição que no início do ano repetia o planejamento do ano anterior somente para cumprir uma formalidade, e que acabava sendo engavetado. “É um desperdício de dinheiro e energia. Se eu faço planejamento para botar na gaveta, se ele não me ajuda em nada, se é repeteco do ano passado, não serve pra nada” afirma. 

Planejamento Estratégico Situacional

O Planejamento Estratégico Situacional é o mais indicado pela especialista para instituições públicas, dentre os diversos modelos e metodologias. Esse método foi desenvolvido pelo economista chileno Carlos Matus, ministro no governo de Allende (1970 a 1973), que atuou também na assessoria de diversos planejamentos governamentais no Chile. Como é um método muito utilizado pelo setor público, há diversos materiais disponíveis na internet sobre Planejamento Estratégico Situacional. 

Solange explica que no Planejamento Estratégico Situacional há um conceito fundamental para o poder público denominado “triângulo de governo” no qual se posiciona o plano de governo no ápice do triângulo; em um dos vértices da base há a capacidade de governo no que se refere aos recursos materiais, pessoas e financeiros; e no outro vértice está a governabilidade junto com os outros atores.

“[o Planejamento Estratégico Situacional] é melhor para o poder público porque considera os tempos e lugares diferentes de cada instituição”, defende Solange.

“A cultura de planejamento é uma coisa que dá trabalho” afirma Solange. Portanto, enfrentar a baixa adesão dos participantes e lideranças é um desafio para qualquer processo de planejamento. Nesse sentido, para aumentar a mobilização dos envolvidos, a especialista recomenda identificar os principais problemas, pois não é possível dar conta de tudo. “Acho que a grande questão é a gente trabalhar com problemas reais”. 

Quem faz o planejamento?

A especialista ressalta que é fundamental que participem do planejamento todas as pessoas que vão executar as ações planejadas. Solange explica que neste processo todas as pessoas têm o mesmo poder de fala, que dever ser assegurado pelo/a moderador/a. “Sem espaço de fala, negociação e escuta de quem está lá fazendo se torna um planejamento de gabinete. Não posso ir para um planejamento com tudo decidido(…) Se você não tiver um planejamento feito por quem vai executar fica um planejamento de mentira porque a urgência do dia a dia é muito mais forte.”

Nesse sentido, o papel do/a moderador/a é crucial para organizar o planejamento. Solange explica que o ideal é que seja alguém externo à equipe ou instituição. “Essa moderação depende de alguém que trabalha com isenção quase total. Que garanta o poder de fala de todo mundo, organize a conversa com um fio condutor, tenha a habilidade de síntese e uma delegação de autoridade para coordenar”.

O acompanhamento das atividades/ações planejadas, monitoramento e prazos também são definidos no planejamento e são fundamentais para o sucesso da empreitada. Solange explica que “se você não acompanha este planejamento, não leva a sério a questão do tempo, de quem está coordenando isso, de cada atividade e quando precisa entregar, não se tem uma avaliação positiva, ou seja, se aquilo deu resultado. O gestor tem que querer tocar isso para frente.” conclui. 

*contato: solangefz@gmail.com e whatsapp: (11) 949954465

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