A visibilidade do sofrimento ético-político das cidadãs/dos cidadãos e a construção coletiva de padrões de justiça social passa, necessariamente, pelo enfrentamento do racismo institucional no SUAS por meio da sensibilização, tomada de consciência, debate e mudanças de práticas.
É fundamental iniciar um profundo e duradouro processo de reparação histórica à população negra brasileira, que passa pelas lutas contra os pilares que sustentam nosso racismo estrutural: econômico, político e de produção de subjetividades.
Diante dos efeitos devastadores da pandemia para a população negra, é urgente inserir a pauta antirracista nas intervenções do SUAS, fortalecendo estratégias como:
- Enfrentar as desigualdades étnico-raciais com distribuição equitativa de recursos públicos;
- Fortalecer os coletivos, movimentos e organizações compostas e protagonizadas pela juventude negra e da promoção do diálogo intergeracional;
- Sistematizar e disseminar as memórias e histórias de negras e negros, bem como defender o direito à imaginação negra como fundamento para a construção de futuro.
Se é verdade que “todo sofrimento pode ser suportado se conseguirmos convertê-lo numa história ou se contarmos uma história sobre eles” (Chimamanda Adichie), então podemos nos comprometer hoje com a construção de histórias que convertam abandono e violência em proteção e convertam invisibilidade em reconhecimento. A luta será longa, mas certamente em boa companhia porque há muitas de nós, brancas e negras, trabalhadoras, e usuárias na luta contra o racismo.
Abigail Torres e Stela Ferreira, sócias diretoras da Vira e Mexe