Ao longo de 2023, a Vira e Mexe desenvolveu dois percursos de educação permanente no município de Catanduva/SP. No primeiro semestre participaram cerca de 45 profissionais das equipes da proteção social básica, proteção especial e de gestão. Nesta etapa, trabalhamos as ações territoriais, apoiando as equipes para atuar de forma coletiva com as demandas de proteção de famílias e grupos. No nosso site, temos um depoimento de Nilva, coordenadora do CREAS, falando dos resultados dessa experiência.
No segundo semestre, acolhemos cerca de 30 servidores/as públicos/as recém ingressos pelo concurso realizado, contando com a presença de coordenações de serviços e equipe de gestão. Neste segundo ciclo, as facilitadoras Stela Ferreira e Yheda Gaiolli desenvolveram um processo coletivo de estudo, em grupos de trabalho, para aprofundar o conhecimento sobre como construir relações de referência e pertencimento nos serviços do SUAS.
A secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Marcela Bruna Nappi Alvares, contou que a demanda pela formação veio das equipes. “Foi a partir da escuta dos próprios servidores, da necessidade que eles tinham de um processo de formação, de um percurso de educação permanente. Junto a isso, Catanduva viveu entre 2022 e 2023 a chegada de novos servidores advindos de um concurso público. Por causa destas questões eu percebi a necessidade de um percurso de formação voltado para o município, preparado para o município, e a Vira e Mexe veio com essa proposta de montar momentos específicos para nossa necessidade.”
Segundo a gestora, um dos principais impactos da formação foi o fortalecimento dos vínculos entre os servidores que já atuavam nos serviços e os recém-chegados. Além disso, inspirados pela metodologia dinâmica e participativa da Vira e Mexe, a equipe de gestão desenvolveu uma nova estratégia de planejamento mais democrática. Ela disse que “o percurso formativo despertou entre os profissionais a necessidade de sair dos seus quadrados. Olhar a partir de outras perspectivas, especialmente os conceitos, as matrizes, as seguranças do SUAS que já pareciam ser compreendidas, mas na verdade precisam ser cuidadas, olhadas de perto, para não se perder em meio às rotinas administrativas e práticas muitas vezes equivocadas e cristalizadas pelo tempo”.
Marcela avalia que o percurso formativo foi fundamental para incentivar as equipes a refletir sobre o trabalho, as fragilidades e o que precisa ser construído, aprimorado e fortalecido. “O período que a Vira e Mexe esteve conosco também nos mostrou a necessidade de uma revisão de algumas práticas, de ouvir mais e de maneira mais atenta o que os territórios nos dizem”. Ouça abaixo a avaliação da secretária sobre a formação.
Nós, da Vira e Mexe, nos sentimos honradas por estar ao lado de profissionais que, a cada sexta-feira de encontro, também nos trouxeram novos desafios e renovaram nossa esperança de que é possível fazer um SUAS mais humanizado, leve e comprometido com a população.
Destacamos algumas avaliações de participantes do percurso de educação permanente em Catanduva.
“O processo ficou mais compreensível e inquietante, a partir dele conseguimos pensar nas práticas existentes: o que precisamos fazer e o que não fazer mais. O trabalho dentro do SUAS não ficou menos desafiador, mas ficou mais claro o caminho que precisamos construir.”
O curso trouxe reflexões e sentimento de mudança, o quão estudar e conhecer o território é essencial, e que sozinhos não conseguiremos. Daí a importância de articulação de rede, troca de ideias e conhecimentos.
A troca de experiências e entendimentos das diferentes equipe e profissionais ampliaram e fortaleceram as ideias de continuidade do trabalho de modo a buscar mudanças no necessário e fortalecer o que tem dado aos usuários o retorno do que são os serviços do Suas.
A aproximação das equipes, as trocas de vivências e angústias permitiram a todos nós, uma visão ampla de nossas falhas e mostrou, principalmente, a capacidade dos servidores de mudar e realizar o serviço da melhor forma, ampliando o acesso a direitos dos usuários.
As trocas de experiências e as reflexões durante todo o percurso teceram incômodos, estranhezas e entendimentos que acolheram as minhas angústias, mas também me estimularam a continuar pesquisar e estudar novos meios de atuações.
A construção de conhecimento só foi possível devido a nossa construção coletiva com as equipes do SUAS e a diversidade de ideias e dúvida. As respostas só foram alcançadas devido à essas interações humanizadas.
