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Estratégias coletivas são foco da formação em Catanduva (SP)

No período de janeiro a junho de 2023, a equipe da Vira e Mexe realizou um processo de supervisão e apoio às equipes da proteção básica, especial e de gestão do município de Catanduva (SP) com cerca de 40 profissionais.

Ao longo dos seis meses de trabalho, foi construído um vínculo de confiança das facilitadoras, Stela Ferreira e Yheda Gaioli, com as equipes de Catanduva e isso possibilitou alcançar resultados que indicam mudanças nas decisões e nas práticas das equipes. O método participativo desenvolvido, baseado no “aprender fazendo” e nas vivências coletivas, pavimentou o caminho para um aprendizado muito significativo para a Vira e Mexe e para as equipes do SUAS de Catanduva.

Uma das participantes, ao avaliar o método de formação afirmou:

“A metodologia aplicada durante o curso foi um fator importante. As consultoras não ficaram focadas apenas em teorias e realizaram atividades e oficinas em grupos através das dinâmicas. Isso fez com que eu refletisse sobre a maneira de como tenho desempenhado e executado o meu trabalho enquanto trabalhadora do SUAS. Para mim, o que fez a diferença foi a ótima didática apresentada pelas consultoras durante a capacitação em formas práticas de se aplicar o conteúdo.”

Para Fernanda Affonso Costa, coordenadora do Centro Dia, esse modo de realizar as oficinas presenciais, “nos faz mergulhar um pouco em nós mesmos, reconhecer nossas falhas, identificar fraquezas e potencialidades, principalmente pela forma que a oficina acontece nos fazendo de forma dinâmica interagir, se expressar e nos acolher. Colocar as nossas emoções para fora para conseguir mais humanamente acolher as emoções do usuário, isso para mim foi o mais marcante.”

Segundo Stela Ferreira, a experiência da formação em Catanduva trouxe para a equipe questões que têm sido desafiantes em muitos municípios: i) reorganizar o processo de acolhida nos serviços para que as demandas sejam tratadas de forma coletiva e não exclusivamente por meio de estratégias individuais; ii) constituir equipes com propósito comum e iii) aprimorar o planejamento entre as equipes e com a participação de usuários.

ACOLHENDO DEMANDAS COLETIVAS

Neste percurso em Catanduva, aprofundamos o estudo e ampliamos as práticas de acolhida nos serviços.  O acolhimento das pessoas tal como elas chegam, com a delicadeza de dar-se tempo para construir a demanda para esse espaço de educação permanente, foram como “espelhos” para que as equipes analisassem seus modos de fazer a acolhida dos usuários no dia a dia.

O maior aprendizado e a maior mudança dentro de mim mesma foi sobre a acolhida, pois na fase do processo de capacitação estava me acolhendo pouco, e ao entender a importância da acolhida dos usuários pude me acolher em primeiro lugar que é super importante para poder acolher o outro.

A Vira e Mexe realmente nos virou e mexeu e revirou e remexeu! O que é ótimo e importante, pois muitas vezes o dia a dia e as dificuldades nos colocam em inércia ou no automático no trato com o usuário, e poder falar sobre eles e os processos de trabalho com eles foi muito enriquecedor”, refletiu Fernanda, coordenadora do Centro Dia.

A acolhida é um processo de trabalho comum aos serviços da proteção social básica e especial e é nesse processo também que se dão as interações entre os serviços para melhor compreender e atender as demandas dos usuários.

Por isso, o “aprender na prática” em Catanduva se deu por meio do planejamento, desenvolvimento e análise coletiva de atividades coletivas com usuários. Para Marcela Alvares, Secretária Municipal de Assistência Social, “entre as contribuições para a equipe eu destaco o entendimento de que é necessário e possível rever os processos de trabalho com foco nas demandas coletivas dos territórios.”

É na acolhida que as equipes vão compreendendo que as demandas dos cidadãos, ainda que se apresentem de forma individual, são sempre expressões de trajetórias coletivas marcadas por vivências de injustiças de gênero, raça e classe. É nesse momento também que podem reconhecer as estratégias de resistência e de sobrevivência cotidianas dos cidadãos usuários.

Edna Ferreira, assistente social do CRAS, resume assim seu aprendizado: “para mim, em especial, foi entender que, embora as demandas muitas vezes se apresentem de forma individual no cotidiano dos serviços, na verdade são demandas coletivas e representam a realidade social de uma população que enfrenta o risco da desproteção e da violação de direitos.” 

Para Stela Ferreira, diretora técnica da Vira e Mexe e uma das facilitadoras desse percurso em Catanduva, “foi gratificante apoiar as equipes para fazer a transição de um trabalho muito individualizado para a adoção de estratégias coletivas que consideram os contextos e territórios onde vivem as pessoas que são atendidas nos serviços. A coincidência da nossa presença com o processo de mobilização para a Conferência Municipal impulsionou ainda mais essa direção.”

As mudanças que percebi no meu trabalho foi que trabalhadores do SUAS começaram a colocar em prática o que aprendemos durante a capacitação. Fico feliz em ver ações acontecendo, mesmo pequenas. Por exemplo, as pré-conferências para a Conferência Municipal de Assistência Social, que antes acontecia de forma diferente.”, analisou uma trabalhadora da equipe de gestão.

PLANEJAR É VALORIZAR O TRABALHO NO SUAS

Para Stela Ferreira, “refletir e aprimorar os processos de trabalho passa, necessariamente, por valorizar o planejamento, afastando-se de práticas imediatistas das quais quase nada é possível afirmar como resultado do trabalho.”

Por isso, as atividades práticas com usuários foram propostas como uma tarefa das equipes, cujos resultados foram analisados nas oficinas para que fossem uma oportunidade de um aprendizado coletivo. Essa estratégia foi reconhecida por Marcela, gestora municipal, ao destacar as contribuições desse percurso:“Um planejamento construído pelas equipes, de forma colaborativa e ativa, demonstrou a capacidade que temos em planejar e realizar; fortaleceu o entendimento de que o estudo constante é um dos principais instrumentos para garantir direitos.”

Luana Barbosa, trabalhadora do SUAS, analisou sua experiência nesse percurso:  

 “As contribuições para mim e também com o trabalho em equipe, foi o aprimoramento no processo de planejamento. Trabalhar na política de Assistência Social não só exige um desdobramento desde o planejar até a execução do trabalho com as famílias, como é um compromisso a ser assumido. Acredito que partimos de algumas práticas imediatistas para ações preventivas e proativas. Isto ficou evidenciado no nosso último planejamento de ação coletiva das pré-conferências”, analisou

O TRABALHO É SEMPRE EM EQUIPE

No SUAS nenhum resultado é fruto de um trabalho individual ou isolado. Por isso, nos processos de educação permanente que a Vira e Mexe realiza o foco é no sentido de valorizar as construções coletivas nas equipes e entre equipes. “Valorizamos as equipes desde os diálogos e produções em pequenos grupos durante as oficinas, passando pelas propostas de estudos em equipe, até a realização de atividades práticas com usuários” ressalta Stela.

Para Fernanda, coordenadora do Centro Dia do Idoso, “ o processo de capacitação nos modifica no campo da atuação em equipe, me fez melhorar mais ainda minha atuação em rede. Também senti diferença nos momentos de partilha mesmo, nas situações em que a equipe se reunia para realizar as atividades da capacitação e isso foi tão bacana estarmos unidos discutindo a capacitação.

Esse é um resultado que traz muita satisfação quando associados a relatos como o de Marcela Alvares, Secretária Municipal de Assistência Social:

Enquanto gestora, o percurso contribuiu para o estreitamento de laços com as equipes, oferecendo condições para aprimorar o papel da gestão como principal articuladora. [Além disso], ressalto o estímulo em buscar formas criativas e pautadas nos interesses e necessidades dos cidadãos para criar e fortalecer os vínculos com as equipes técnicas e a construção de um planejamento construído pelas equipes, de forma colaborativa e ativa, que demonstrou a capacidade que temos em planejar e realizar.”

E também o relato de uma trabalhadora da equipe de gestão: “Para minha equipe a capacitação foi muito importante porque compreendeu que equipe são pessoas que partilham um propósito em comum. Claro que a equipe precisa trabalhar em sintonia, respeitar o outro, dialogar e sair da zona de conforto para realizar um trabalho humanizado”.

O trabalho da Vira e Mexe continua em Catanduva no segundo semestre com as servidoras públicas recém-chegadas do concurso. “É sempre uma alegria acompanhar o SUAS se expandindo e se fortalecendo no trabalho cotidiano das equipes” conclui Stela Ferreira.

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