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Equipes constroem caminhos para melhorar o planejamento e acompanhamento individual

“Se esse encontro fosse uma comida seria um baião de dois porque de uma combinação simples que é o arroz com feijão, pode-se acrescentar outros ingredientes. Assim como fizemos hoje, fomos adicionando saberes.” Foi assim que uma das participantes avaliou a atividade da Vira e Mexe que aconteceu no final de janeiro em Jundiaí (SP). Foram dois encontros, totalizando 16 horas de formação com cerca de 150 pessoas, dentre gestoras da Assistência Social e dirigentes e equipes das Organizações da Sociedade Civil (OSC) que executam os serviços de acolhimento institucional do SUAS. 

A atividade teve como objetivo a qualificação da atenção nos serviços de acolhimento institucional realizados em parceria com as organizações da sociedade civil (OSC) e o foco do trabalho foi o Plano Individual de Atendimento (PIA) para os serviços de alta complexidade. A metáfora utilizada pela participante para avaliar a formação faz todo o sentido: o básico bem feito pode ser extraordinário.

“Buscamos oferecer subsídios para que os/as trabalhadores/as pudessem entender o Plano Individual de Atendimento (PIA) não apenas como um documento. Mas, como um conjunto de ações a serem realizadas pelos serviços para assegurar a proteção das/os usuárias/os” explica a assistente social Yheda Gaiolli, uma das facilitadoras do encontro e componente da equipe  da Vira e Mexe. Ela acrescenta que o PIA não pode ser pensado sem os usuários/as – crianças, adolescentes, mulheres, idosos, pessoas com deficiência, em situação de rua e outras – e suas famílias. 

A partir da compreensão da utilização de um instrumental básico como o PIA, buscou-se ampliar a reflexão sobre a criação e fortalecimento dos vínculos entre os usuários e os serviços do SUAS e como a ampliação das redes de apoio deve estar prevista no planejamento da atenção.

“Não é possível proteger as pessoas sem considerar suas trajetórias e de suas famílias, além dos contextos em que vivem e os processos sociais mais amplos que fazem do Brasil, um dos países mais desiguais do mundo” diz Abigail Torres, sócia diretora da Vira e Mexe.   

Com base no levantamento das expectativas dos participantes, foram priorizados cinco desafios centrais, entendidos como “problemas” sobre os quais as equipes tinham que se debruçar para buscar soluções em ações práticas a serem implementadas no cotidiano do trabalho. A lógica desse tipo de formulação, segundo Abigail Torres, é a de que “problemas que decorrem da vivência da desigualdade não são de solução simples e tampouco podem ser trabalhados pela intervenção de uma pessoa somente. Mas isso não significa que não possam ser enfrentados e que as circunstâncias não podem ser mudadas”, explica. 

Ela explicou que as reflexões buscaram enfrentar e desconstruir preconceitos e estereótipos sobre os/as usuários/as e suas famílias e que, embora as questões levantadas tenham gerado desconfortos em alguns, a conversa foi feita com muito cuidado e respeito. A metodologia participativa que adotamos estimula as pessoas a perceberem-se como sujeitos ativos e reflexivos, capazes de aprender e ensinar, ampliando referências e argumentos por meio de diálogos respeitos, como os que fizemos.

Para apoiar os grupos na busca de modos de lidar com os desafios apresentados, a equipe da Vira e Mexe realizou uma curadoria de conteúdo e materiais de subsídios. Assim, os participantes foram estimulados a olhar para os problemas, dialogar sobre eles e, com base em pistas criadas pelos/as próprios/as trabalhadores/as, propor caminhos a serem trabalhados nas equipes. Os grupos elaboraram pistas para pensar o processo de acolhida; para o acompanhamento de pessoas em situação de acolhimento e suas famílias; e para o processo de articulação nos territórios.

Yheda Gaioli, destacou das avaliações dos participantes, a importância de viver a horizontalidade nos processos de trabalho e o quanto todo o grupo se sentiu à vontade para opinar e refletir sobre o “problema” porque naquele momento, criamos condições para que não se preocupassem com o cargo que ocupam e nem com quem estavam falando, mas sim escutassem e se dedicassem às ideias que surgiam. “No SUAS, temos percebido a hierarquização de saberes entre profissionais de ensino superior e médio, subvertendo a ideia de construção do processo de trabalho e fazendo com que, principalmente em serviços de acolhimento, profissionais de ensino superior “pensem” sobre o trabalho para que os demais profissionais o realizem” aponta. 

Ao final dos dois dias de encontro, nem todos os pontos levantados nas expectativas dos participantes foram explorados, justamente pelo pouco tempo de formação. No entanto, a equipe da Vira e Mexe recomendou fortemente ao órgão gestor a atenção a essas diferentes questões ao longo do ano. “Sabemos da limitação que o tempo de dois encontros nos proporciona, ainda assim nos desafiamos a possibilitar que as equipes pudessem experimentar a vivência de planejar coletivamente a partir de questões que são afetas ao cotidiano dos serviços de acolhimento” conclui Abigail.  

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