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Encantamentos, produção de sentidos e de modos de fazer

Formação com trabalhadores da Assistência Social de Franca (SP)

Nos dias 7, 8 e 9 de novembro, a Vira e Mexe realizou oficinas com as equipes do Centro POP, dos serviços de acolhimento noturno, abrigo e casa de passagem e todos os serviços voltados à pessoa em situação de rua no município de Franca/SP. Ao todo, participaram cerca de 80 trabalhadores, entre cuidadores, educadores sociais, psicólogas e assistentes sociais. As oficinas foram coordenadas por Lucas Carvalho e Ricardo de Paes Carvalho, profissionais com longa trajetória no trabalho social com pessoas em situação de rua. 

“Na grinfa de memórias e experiências, ruminamos muitos trabalhos já feitos. Querendo ou não, o gosto, carinho, respeito e admiração por essa população dita como vulnerável, só cresce dentro de nós. [Foi] uma oportunidade de desenvolver ainda mais o que já fizemos em nossa longa caminhada.”

Aceitando um convite alegre e generoso de partilha, as pessoas “celebraram a alegria e a paixão pelo que fazem, o respeito que tinham pelas pessoas que fazem uso dos Serviços em que trabalham, o reconhecimento e valorização de que atuar no SUAS é um catalisador de crescimento pessoal e profissional”, nos conta Lucas Carvalho.

Para viabilizar a participação de todos, cuidamos para que educadores e cuidadores, cujas jornadas de trabalho são por escala, pudessem participar de encontros com três horas de duração. Com estes, a proposta desenvolvida por Ricardo foi a de um teatro físico, baseado no método Sunil, conectando os três personagem – o guerreiro, o palhaço e o sacerdote – o ao fazer cotidiano de educadores sociais.

A vivência física e emocional de cada personagem facilitou a transposição de sentidos entre cada um deles e o ofício de educadores sociais, como: do guerreiro a atenção, a antena ampliada, a força individual e do grupo; do palhaço, a arte de rir de si mesmo e em sua sabedoria fazer do erro seu aliado; e do sacerdote que produz calma, tranquilidade e encantamento, enfim, alguém que inspira confiança e proteção.

Há sempre um risco quando propomos vivências como essa nos processos de educação permanente para cuidar das pessoas e refletir sobre o trabalho das equipes. O que nos guia, como afirma Lucas, é a convicção de que “nosso trabalho é muito sério, mas seriedade não combina com sisudez”. Por isso, celebramos a poética deste trabalho lendo um poema da educadora social e militante em defesa do SUAS, Zuca Fonseca:

Quero celebrar a vida.

Não! Não estou em estado de graça. Em paz com o mundo. Em felicidade infinita.

Mas quero celebrar a vida para me sentir mais forte.

Não vou, em tempo algum, me render ao medo, ao ódio e à morte.

[…] Vamos celebrar a vida.

Ecoar nossa voz bem longe.

E não vamos permitir ninguém nos silenciar.

Vamos celebrar a vida!

Confira abaixo alguns depoimentos de participantes ao final da formação:

“O que me marcou foi que fiz a escolha certa, estou onde deveria estar. Fortalecida, saio com vontade de fazer mais e fazer a diferença na vida do outro. Com o outro. Quero (e vou) aprender muito mais.”

“A arte de cuidado com o outro. A capacidade de escutar e de tentar compreender o outro em sua integralidade. Saio com vontade de tentar colocar em prática os aprendizados adquiridos. Também saio pensativa sobre minhas ações e práticas referentes aos atendimentos.”

“O que me marcou dessa aventura foram os trabalhos em grupo com tanta gente inteligente, caridosa, com espírito lindo e muita boa vontade. Foi incrível o aprendizado sobre o SUAS e suas vertentes. Estou muito feliz e agradecido, muito obrigado, Deus abençoe. Saio com vontade de colocar em prática tudo o que me foi ensinado nesses três dias, como a escuta, o tipo de abordagem, olhar as dores do próximo e olhar a fundo sua fragilidade e humanidade. Saio com sabor de quero mais, em aprender e me relacionar com pessoas tão especiais”

“O que marcou esse encontro foi a oportunidade de obter novos conhecimentos, ouvir as vivências das outras pessoas que também estavam participando e ter tido um pouco mais de autoconhecimento. Saio daqui com vontade de colocar em prática, de começar a ter um novo olhar sobre o outro, ser mais humana e me tornar diariamente uma pessoa melhor” 

“Ficamos felizes pela oportunidade de abrir uma roda por onde circularam tantos saberes e afetos. E, sobretudo, pela confiança de todas pessoas envolvidas de que é possível construir novos sentidos, compromissos e modos de fazer dessas equipes” ressaltou Stela Ferreira, sócia diretora da Vira e Mexe.

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