Sempre recebemos com alegria e entusiasmo o convite dos municípios para disseminar ideias e conteúdos sobre o trabalho social no SUAS para um público mais amplo. Em setembro, Jundiaí (SP) nos deu a oportunidade de participar das atividades do 1º Mês do SUAS, uma iniciativa da gestão municipal que promoveu seis encontros semanais trazendo contribuições de diferentes especialistas da área.
Esses encontros, no formato de seminários e oficinas participativas, tiveram como objetivo fortalecer os servidores públicos do SUAS para aprimorar seus conhecimentos e práticas no cotidiano dos serviços socioassistenciais.
Em nossa participação no seminário sobre “Lógica sistêmica do SUAS”, disseminamos ideias importantes contidas no projeto institucional do SUAS a partir da Política Nacional de 2004. E pudemos dialogar sobre os principais impactos que a organização desta política pública como sistema único trouxe para o trabalho social. Entre esses impactos destacar que na organização por sistema operamos com a lógica do “e” e não do “ou”.
No trabalho social esse desafio significa que no SUAS a gente deve primeiro perguntar o que precisamos compartilhar na equipe, entre os serviços, entre os níveis de proteção básica e especial. E a partir daí planejar como vamos nos complementar e como vamos nos corresponsabilizar como trabalhadores, como equipes de referência dos serviços.
Na lógica de sistema a maior tecnologia que precisamos desenvolver e aprimorar é o diálogo. Diálogo para pactuar direção, modos de fazer e compartilhar responsabilidades diante de situações tão complexas como as que são acolhidas todos os dias nos serviços do SUAS.
Numa das oficinas participativas que realizamos em Jundiaí aprofundamos alguns rebatimentos dessa lógica de sistema na organização dos processos de trabalho nos serviços do SUAS. Para isso, propusemos às equipes descrever e compartilhar o modo como organizam os processos de trabalho de acolhida, acompanhamento e ações nos territórios.
A descrição dos processos de trabalho é necessária, haja vista que no SUAS esses processos, em geral, estão pouco sistematizados. Ademais, frequentemente eles ainda são definidos por cada profissional ou equipe, ou seja, temos poucos entendimentos compartilhados sobre como devemos acolher, acompanhar e atuar nos territórios para assegurar a proteção social de assistência social. Diversos estudos vêm analisando o alto grau de discricionariedade das equipes dos serviços dos SUAS.
Na oficina propusemos que as próprias equipes descrevessem e compartilhassem esses processos para identificar potencialidades e fragilidades no modo como vem se organizando. E, como todo trabalho profissionalizado, essa análise não deve ser feita pelo senso comum ou pelas percepções individuais.
Por isso, apresentamos a cada grupo uma síntese das referências técnicas e éticas do SUAS que são os parâmetros públicos e válidos para analisar e aprimorar esses processos de trabalho, tendo como resultados esperados a acolhida, a convivência e a autonomia. (Tipificaçao Nacional dos Serviços)
Nosso agradecimento à equipe do SUAS de Jundiaí por essa alegre oportunidade.
Stela Ferreira, sócia diretora da Vira e Mexe