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A construção de diálogo entre equipes da básica e da especial em Guararema (SP)

“Um dos maiores desafios era a construção de um trabalho articulado entre as equipes da proteção básica e da proteção especial, como nos foi relatado pelas equipes logo no início” conta Stela Ferreira, sócia diretora da Vira e Mexe sobre o trabalho de apoio técnico e supervisão às equipes do SUAS do município de Guararema (SP) com foco no fortalecimento do trabalho social com famílias. Foi um processo de 10 meses com oficinas presenciais e virtuais, coordenadas por Stela Ferreira e She Nilson, envolvendo cerca de 30 trabalhadores e trabalhadoras.

A coordenadora do CREAS de Guararema, Joseane, lembra como havia falta de alinhamento entre as equipes antes e as mudanças que ocorreram a partir da formação com a Vira e Mexe. “Para falar para outras políticas a gente precisaria também se entender. A maior diferença que eu percebi no cotidiano foi essa necessidade de comunicação internamente. E quando a gente muda isso e consegue enxergar, a gente começa a buscar diálogo e isso nos fortalece para a gente conseguir falar para fora; acho que isso foi a maior diferença que a gente teve no trabalho” conta.

Joseane, coordenadora do CREAS de Guararema

Stela ressalta que um dos resultados positivos foi o envolvimento de diferentes pessoas das equipes, desde as coordenações, estagiárias até os educadores sociais dos serviços, além dos técnicos de nível superior. “Conseguimos colocar todos na mesma roda, de maneira democrática e horizontal. A gente se debruçou conceitualmente sobre o desafio de articulação entre proteção social básica e a especial e usamos muitas estratégias de manejo de grupo para que todos que estavam naquela roda se percebessem como equipe de uma única política pública, se reconhecendo como trabalhadores e trabalhadoras do SUAS. Esse foi o primeiro grande resultado desse trabalho.”

O segundo resultado importante, segundo ela, foi a possibilidade de tratar nas primeiras oficinas, de conceitos importantes de demandas do SUAS e da segurança de acolhidas nos serviços socioassistenciais. A partir daí, as facilitadoras estimularam as equipes para identificar a desproteção relacional que teria maior convergência e sinergia para articular o trabalho do CRAS e do CREAS. As equipes priorizaram a violência doméstica contra mulheres e a violência sexual contra crianças e adolescentes. “A capacitação faz a gente enxergar coisas que não enxergava antes. A gente fazia coisas do senso comum, com base na criação que a gente teve. E a gente percebeu como a partir da vivência dele [usuário] compreender o que ele necessita” diz Neide, educadora social no serviço de acolhimento e estagiária de serviço social.

“A partir desta definição montamos três grupos de trabalho, um deles se dedicou a estudar cadernos e referências metodológicas para identificar e lidar com situações de violência sexual contra crianças e adolescentes. Outro grupo dedicou-se a compreender melhor quais são as possibilidades que a assistência social tem para o atendimento de mulheres vítimas de violência em casos de emergência” explicou, acrescentando que esse grupo foi, inclusive, conversar com profissionais de outros municípios que tinham sugestões e ideias para compartilhar, inspirando possibilidades de implantação em Guararema.

Trabalhar em diálogo constante com as famílias foi um dos aprendizados que Alessandra, assistente social do CREAS, destacou desse processo de apoio e supervisão. “Todo esse processo de acompanhamento, atendimento, fazer em conjunto com a família. Por vezes a gente quer determinar como deve ser feito, quando na verdade esse é um processo que deve ser decidido em especial e principalmente com a família e não a gente apresentando uma única possibilidade. Como nos casos de violência doméstica, em que a gente fala ‘você tem que fazer o boletim de ocorrência para conseguir sair dessa situação´’, mas tal situação gerou ainda mais violação de direito daquela mulher.” explica.

Já o terceiro grupo de trabalho foi ouvir os profissionais do SUS para conhecer como é a organização do trabalho para atender situações de violência doméstica contra mulheres na área da saúde, quais são os protocolos e conhecimentos necessários. Puderam conhecer protocolos e formas de organização do trabalho bastante diferentes daqueles que operamos no SUAS.

Articulação do SUAS com outras políticas do município

“A culminância desse processo que nos deixou muito feliz foi quando as equipes da proteção básica e especial se colocaram como protagonistas na organização do primeiro seminário de articulação do SUAS com as outras políticas públicas no município de Guararema” conta Stela Ferreira, que explicou que a Vira e Mexe apoiou as equipes na definição da programação e do formato do evento em rodas de conversa.

No seminário, Abigail Torres, também sócia diretora da Vira e Mexe, fez a fala de abertura contextualizando a interface da assistência social com os direitos humanos e a contribuição da Assistência Social no combate e enfrentamento às situações de violência. Nas rodas de conversa, os grupos debateram as questões de trato e atenção às mulheres, crianças e adolescentes que são vítimas da violência.

Participaram do Seminário, trabalhadores da assistência social, tanto os servidores públicos quanto os trabalhadores de organizações sociais, além de conselheiros municipais do direito das crianças e adolescentes, conselheiros tutelares, conselheiros de assistência social, representantes das secretarias municipais de educação e saúde, particularmente, técnicos do CAPES e da Santa Casa.

Stela explica que a metodologia do Seminário em rodas de conversa foi muito acertada para facilitar a articulação e compartilhamento de saberes e responsabilidades das políticas públicas de saúde, educação e assistência social, nas situações de violência. E ressalta que foi um momento muito importante de visibilidade das responsabilidades da assistência social nas situações de violência e o início de abertura de um diálogo intersetorial mobilizado e protagonizado pelas equipes do SUAS.

“Isso nos deixou muito contentes porque no início do trabalho, havia uma dificuldade de diálogo entre as próprias equipes do SUAS e ao final deste período de 10 meses, além das equipes estarem estudando mais, elas conseguiram planejar e organizar uma ação juntas e agregando ainda as equipes de outras políticas públicas do município” revela.

“Continuar sempre estudando, sempre se munindo de conhecimento, pensar nesta questão de construção coletiva e de abertura para a rede como um todo. Acho que isso ficou muito forte para mim enquanto profissional e acredito que para toda a equipe da secretaria de Assistência. Não mais essa segmentação do que é do CRAS, CREAS, serviço de convivência, ou o que é da saúde ou a educação… A família é uma totalidade e não não podemos fragmentar para atendê-la, pelo contrário, é compreender a sua totalidade e trabalhar em rede, em complementariedade entre os próprios equipamentos de assistência social, acho que é isso que eu levo e que vou fazer de diferente daqui pra frente” conclui Alessandra, assistente social do CREAS.

Confira os depoimentos de algumas participantes da capacitação:

Joseane, coordenadora do CREAS, contando sobre as mudanças no trabalho da equipe após a capacitação da Vira e Mexe
Joseane, coordenadora do CREAS, explica o impacto de seu trabalho na garantia dos direitos das/os cidadã/os de Guararema
Neide, educadora social no serviço do acolhimento e estagiária de serviço social em Guararema fala sobre a importância da capacitação da Vira e Mexe.
Alessandra, assistente social de Guararema
assistente social de Guararema compartilha reflexões sobre o impacto de seu trabalho para que cidadã/os acessem seus direitos
assistente social de Guararema conta as mudanças no trabalho a partir da capacitação da Vira e Mexe

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